8 de dezembro de 2014

Resenha: O Leopardo



Esse livro é uma cortesia do Grupo Editorial Record

“Harry se viu apertando a mão do homem que ele havia acabado de concluir ser o mesmo que tinha assassinado cinco pessoas durante os últimos três meses.”(pag 245)
A sensação ao começar a ler O Leopardo, de Jo Nesbo, publicado no Brasil pela Editora Record, foi a de assistir Jogos Mortais. A riqueza de detalhes dos assassinatos logo nas primeiras páginas é impactante. Principalmente porque o assassino parece gostar do que faz. Na verdade, quando eu começo um novo livro de Jo Nesbo, eu quero ler cada palavra, com suas pausas e expectativas,-lentamente-, para apreciar sua escrita única.
O Leopardo conta a história de uma série de assassinatos que, como nos livros anteriores do autor, parecem não ter ligação nenhuma. Harry Hole é o personagem principal novamente, mas de forma nenhuma repetitivo ou enfadonho. Como sempre, ele parece buscar purificação por seus pecados, vivendo de forma quase humilde. Ser alcoólico com certeza é um fardo que ele carrega com o devido peso, arrasado e derrotado por saber que o vício é maior que sua força de vontade.
Após os desfechos do livro anterior, Boneco de Neve, Harry pediu afastamento da divisão de homicídios da polícia de Oslo e viajou para Hong Kong, onde substituiu o álcool pelo igualmente mortal ópio. Seis meses após a viagem, essa nova série de assassinatos, tão parecida com os anteriores, fez a polícia enviar Kaja, que também é policial, atrás de Harry, a fim de convencê-lo a voltar à Noruega. Usaram o subterfúgio da doença do pai, que está com câncer terminal, para incentivá-lo a voltar o mais rápido possível. Ele, resignado e curioso, volta à cidade e à polícia, a fim de ajudá-los a prender o criminoso.
A história dos crimes em si seria o suficiente para classificar o livro em excelente, pois o autor criou uma rede de coincidências e suspense ótimos, que ao mesmo tempo nos instiga a continuar e também a desejar que não acabe nunca. Mas o fato de falar minuciosamente sobre a personalidade de Harry, seu sexto sentido, as contradições de sua vida e as referencias musicais ao longo do livro, dão a sensação que estamos lendo dois livros: dos assassinatos e do policial alcóolatra. E é por isso que eu classifico o livro em excepcional. Tudo bem que o fato de ser suspense policial eleva as minhas expectativas, mas Jo Nesbo realmente é um escritor sem igual. E nesse livro em especial, está melhor ainda.
 “-Desculpe, chefe-disse Harry.- Fui longe demais.
- Foi. E na verdade, nem sei por que está implorando pela minha permissão, nunca achou isso importante antes.
- Pensei que seria legal você ter a sensação de que é você quem manda, chefe.”(pag 524)

“-Hum. Oystein?
- Sim.
- Por que eu e você ficamos amigos?
- Porque a gente cresceu junto, suponho.
- Só por isso? Um acaso geográfico. Nenhum companheirismo espiritual?
- Não que eu tenha notado. Pelo que saiba, a gente sempre teve só uma coisa em comum.
- E o que é?
- Ninguém mais queria ser amigo da gente.”(pag 593)


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